sábado, 10 de julho de 2010
Fim de Papo.
BRANCA DE NEVE: EX-PRIMEIRA DAMA DO BRASIL
Fim de papo. Já era. Ergueu o braço, o juiz. O Brasil está fora da copa (e ainda resta um pouco do grito de “é campeão” a ser digerido pela frustração). Pois é, sou brasileiro e, não por tabela, gosto de futebol e curto muito a euforia (agora sim) de comemorar um gol, uma vitória, um título. Coincidentemente, ano de copa é também ano de eleição, é o ano do patriotismo em alta, mais pelo primeiro motivo do que pelo segundo, infelizmente.
Apesar do gosto pela pelada (também inclui o outro sentido), um sentimento ruim (não sei dizer qual) me abateu desde o início da copa; hoje, somado a derrota à Holanda (filho da puta aquele Sneidjer), me sinto perplexo, confuso, indignado, pasmo, entre outras coisas que não consigo distinguir, ao perceber que o povo brasileiro, o nosso povo (!), parece relacionar mais (ou unicamente) a palavra “patriotismo” com seus representantes na África do Sul do que em Brasília. Os brasileiros são sim uma pátria de chuteiras. Cobram mais patriotismo (ou “amor à camisa”, como queira chamar) do técnico da seleção do que do presidente da nossa querida república. Os convocados para a copa são mais aguardados do que os convidados aos ministérios.
Chuteiras protegem apenas os pés e não são o suficiente para guardar a dignidade da nossa nação, tão acostumada a não ter as outras peças do traje que parece nem se importar mais com a exposição de suas vergonhas. É roubalheira pra todo lado, é escândalo e Lula não sabe de nada (ironicamente a única chance dele de provar que sabe alguma coisa), é mensalão, é mensalinho, é cartão não sei do que (aquele que todo mundo viajava, gastava e o povo pagava), é hora extra, é meião, é cuecão, é gente rezando pra Deus porque conseguiu roubar um dinheiro extra (HAHAHAHA, p.q.p. tô rindo, mas acho que é pra não chorar). Tudo isso é tão engraçado, tão absurdo que parece que é mentira e ainda parece pouco me referir assim ao que acontece (e sem contar o que ainda não veio à tona, o que não veio e o que nunca virá).
E o motivo desse desequilíbrio é óbvio: os brasileiros confiam mais na seleção de futebol que na seleção da política; é de onde o povo pode esperar felicidade, “infelizmente” são seus melhores representantes, são os que têm mais compromisso com a nação. Ninguém quer mais o Dunga na seleção, mas o Collor já está no congresso outra vez. Foi através do futebol que o Brasil construiu sua unidade e é somente nele que ela existe. As únicas conquistas do Brasil que foram feitas unicamente por brasileiros são as cinco estrelas no escudo da CBF, suas principais conquistas - as políticas -, ao longo da sua história, foram mais inglesas, portuguesas ou norte-americanas que suas propriamente ditas.
O brasileiro não aprendeu a lutar pela pátria. Sem seus direitos básicos assistidos, ele aprendeu a lutar por si, sem contar com os serviços públicos de saúde, educação, segurança, saneamento, previdência, etc. O povo, em sua ignorância, percebe que os únicos brasileiros que lutam por todos os demais são os que vestem a camisa amarelinha (às vezes azul), são eles os glorificados com a vitória e os condenados perpetuamente com a derrota, são estes os que prometem e são cobrados a cumprir. Os políticos? Como os demais brasileiros, também estão lutando por si próprios.....
Se você ainda não entendeu a magnitude da situação, vou ser bem claro agora: o cargo mais importante no Brasil, para os brasileiros, é o de técnico da seleção de futebol, votado apenas por um eleitor, e não o de presidente, votado por mais de muitos outros milhões. Acho que a primeira dama, nestes quatro anos, nem foi a “dona Lula” (esqueci o nome da velha) e sim a Branca de Neve, amor platônico do Dunga.
Como filho da mãe-gentil (ehehehehe), queria sim que o Brasil trouxesse o hexa agora, já em 2010, na primeira copa na mama África, queria que o Brasil mostrasse que é de fato a pátria de chuteiras. Mas, além disso, gostaria também que o Brasil fosse a pátria de uniforme escolar, de uniformes de trabalho, de paletó e gravata, de barriga cheia, que mostrasse isso não só ao mundo, mas a quem mais interessa: os filhos deste solo. E isso não é papel dos que fizeram o papelão no último dia 2 de julho, de quem esperávamos mais; é tarefa de outra seleção canarinha, a que será eleita agora, daqui a poucos meses, de quem menos esperamos respostas.
Por Reinaldo Brito Jr. (nossa escrevi isso mais de 5 vezes, quase que não posto esse texto, frescura do blogger)
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Um comentário:
É o os políticos aproveitam essa época de copa para acertar o sentimental do povo, ainda mais nessa derrota fraca.
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